Já não posso mais com a questão da avalição dos professores... Prefiro ligar o telejornal e ver mortos no afeganistão do que dar com a Fenprof a dizer que foram 120mil profs à rua e o ministério a dizer que foram apenas 60mil...
Não há qualquer tipo de paciência para um "jogo de ping pong" como foi dito na RTP1 em que o ponto é eterno. Para quem viu o programa depress se apercebeu que a televisão pública portuguesa em nada ajudou àquilo que todos os portugueses queriam, que era o esclarecimento. Limitaram-se a pegar nos intervinientes que normalmente estão na rua e pô-los dentro de um estúdio. Como resolver este assunto?
1 - Primeiro, chamemos às coisas o que elas são. Não se trata da avaliação dos professores, na medida em que estes são bons ou maus como pessoa, ou como profissionais. Trata-se sim, da avaliação do seu DESEMPENHO. Daí não existir nenhuma demanda do ministério para discriminar, catalogar ou perseguir os professores. Qualquer empresa dita de boas práticas terá implementado no seu funcionamento um método de avaliação de desempenho. Há escolas, nomeadamente privadas, que já aplicam a avaliação de desempenho há algum tempo e onde a sua corrente utilização em nada atrapalha o seu normal funcionamento. Pelo contrário, os pontos fracos são detectados (objectivo último desta avaliação) e pode-se então partir para a melhoria das condições existentes na escola.
2- Por que é que em vez de se perpetuar este debate, que já teve a oportunidade de dar frutos, entre sindicato e ministério, não se lançou no programa uma nova luz sobre o assunto. Porque não esclarecer a opinião pública sobre o que são os modelos de avaliação de desempenho. Uma vez que já todos os professores concordaram que querem ser avaliados, por uma questão de eficiência, a meu ver, só o modelo se interpõe entre a a vontade e a implementação. Falta então alguém que esclareca quais as possibilidades existentes e o que é contestado no actual modelo. Alguém que o faça para nós os leigos, e não para o Mário Nogueira.
3- Por último, a situação é rídicula por existir numa altura em que tudo está legalmente implementado. A discussão teria que se dar toda antes da decisão e implementação do modelo a utilizar. Não faz sentido a contestação que ainda existe e a avaliação não ser suspensa. Não há condições para continuar neste clima de descrença no sistema. A única explicação para isto é que a avaliação de desempenho dos professores nos moldes em que está feita, serve uma agenda política. Agenda esta que não pode adiar a sua implementação sob o risco de não colher os louros de o ter feito. Por esta mesma razão, não houve oportunidade de fazer o LÓGICO. Testar o modelo, um, dois anos em várias escola e tirar daí as conclusões necessárias. Tudo isto me parece óbvio.
Concluindo,porque não fazer o benchmarking de boas práticas, porque não explicar em que consiste o verdadeiro problema da avalição, o modelo utilizado, porque não testar?
Todo este problema associado ao descontentamento que os professores têm com a actual perspectiva de progressão que consideram injusta e uma das profissões com maior taxa de desemprego, não os ajudam a eles nem a ninguém, penso eu, a ter orgulho neste canto lusitano.
Por estas e por outras, quem vai indo lá fora, vai-se deixando ficar.